Shared posts
I LIKE YOU / LADY MARIKA
This is my beautiful friend Marika, who makes the jewelry line Ay Marieke. The first day that I met her we were working on a photoshoot, and the whole day she was adorned with jewels and ornate crowns, for the sole purpose of lounging on crazy textiles and velvet sofas in the middle of the forest. It made sense, this girl is fancy. She’s infinitely creative and funny, and I love it when she gets bossy after a drink or two. Plus, she’s one of the only people I know that wants to talk with me about Pretty Little Liars, haha. I have more photos from this day to share that feature her spoiled baby cat Arthur, but we all agreed that he deserves his very own post.
Frittatas de amaranto e ricotta # Amaranth and ricotta frittatas
Sábado de manhã. A feira está como sempre, apinhada de gente e eu vou passando com pressa pelas bancas de roupa e todo o tipo de artigos de contrafação, para finalmente chegar à primeira das três ruas onde se vendem os vegetais, enchidos, queijos e alguns frutos. A feira para mim começa sempre aqui.
Já conheço as bancas de cor e salteado e as caras por trás delas também. A senhora dos alhos é a primeira que encontro sempre, com as réstias de alhos raiados a rosa que eu acho tão bonitos. Mais à frente a senhora das folhas verdes: agriões, alfaces de várias cores/ feitios e espinafres. Ao chegar à banca dos enchidos é como encontrar um fumeiro no meio de uma horta. Caminha-se por entre cheiros verdes e doces e de repente o aroma dos presuntos, chouriços e salpicões. Não há como lhe ficar indiferente. E depois há a banca do casal de lavradores onde desta vez encontrei molhos de amaranto. Nunca tinha visto nada igual e assim que perguntei que folhas eram aquelas fiquei a saber que lhe chamam farinhotos (à falta de melhor, penso eu, porque é o mesmo nome que se dá à tripa enfarinhada!) e que normalmente quem as compra é um casal indiano que lhes tinha dado as sementes.
" E como é que as cozinham?" - Perguntei eu.
Da resposta fiquei a saber que os lavradores não conheciam muito bem o que tinham em mãos. Aquilo era apenas mais uma erva que nascia "para lá" à qual, assim de repente, deram o nome de "farinhoto" e que, vai-se lá saber porquê, agradava bastante aos indianos. O preço de cada molho era irrisório e como do casal indiano nem sinal, acabei eu por comprar a remessa de "farinhotos" propostos a um preço ainda mais baixo, assim a modos de forma de agradecimento por este casal de portugueses ter caído do céu quando já nada era esperado. Ainda assim prometi que lhes daria notícias e que a coisa a correr bem, talvez houvesse também um casal de portugueses na corrida aos "farinhotos"!
De volta a casa comecei sem saber muito bem o que fazer com as folhas. Uma sopa? Salteadas com azeite e alho? Uma tarte salgada? No fundo podia usá-las como qualquer outra folha verde cozinhada. Depois lembrei-me de uma receita simples que aqui todos gostam de ter como snack. Ideal para pegar ao passar e seguir caminho. As frittatas.
Mini frittatas de amaranto e ricotta... No próximo Sábado, tal como prometido, lá irei à feira dar notícias e fazer o anúncio:
É oficial! Este casal de portugueses está decididamente na corrida aos "farinhotos"!... Abram alas!
In English
Saturday morning. The farmers market is crowded as usual and I´m rushing through stands of clothes and all kinds of counterfeit items, to finally reach the first of the three streets where vegetables, sausages, cheeses and some fruits are sold. For me the farmers market starts here.
I already know the stands by heart and the faces behind them too. The lady that sells garlic is the the first one I always see, with the bunches of pink veined garlic that I find so beautiful. Ahead is the lady of the green leaves: Watercress, lettuces of various colors and shapes and spinach. Upon arriving at the sausages stand is like finding a smokehouse in the middle of a big kitchen garden. You walk through the green, sweet scents and suddendly the delicious aromas of smoked ham, chouriços and sausages. It´s impossible to stay aloof. And then there is the stand of the couple of farmers where I found these bunches of amaranth. I had never seen anything like it, so I asked what kind of leaves were those, and I came to know that they call it "farinhotos" (for lack of a better name I guess, because that´s the same name given to the floured tripe, which is a portuguese traditional type of sausage) and that it´s usually bought by an Indian couple, who gave them the seeds in the first place.
"And how do you cook it?" I asked.
From the answer I came to know that the farmers knew almost nothing about it. It was just another herb, that sprouted "wherever", to which out of nowhere they called "farinhoto" and that for some unexplicable reason was very appealing for the Indian people. The price of each bunch was derisive and as there was no Indian couple in sight, I ended up buyng a remittance of "farinhotos", proposed at an even lower price, as a way of thanking for the portuguese couple that seemed almost "fallen from the sky" when nothing was already expected. Still I promised I would give them some cooking news, and all going well, maybe there would also be a portuguese couple in the race for "farinhotos".
Back home I didn´t really know what to do with the leaves. A soup? Sautée them with olive oil and garlic? A savoury tart? I could use them as any other cooked green leaf. Then I remembered a simple recipe that all of us here at home like to have as a snack. Ideal to grab a piece on our way to wherever we must go: The frittatas.
Amaranth and ricotta mini frittatas... Next Saturday, as promised I will go to the farmers market to give some cooking news and to make the annoucement:
It´s oficial! This portuguese couple is definitely in the race for "farinhotos"!... Make way!
Saladas, tomates e o trilho de Salreu # Salads, tomatoes and Salreu´s trail
Cérebros lavados (crianças, publicidade e junk food)
Vamos recorrer à velha técnica de imaginar que um extraterrestre chega à Terra e observa o que se passa. Vê crianças agarradas a jogos de vídeo, ou a telemóveis de última geração, concentradas em jogos que as desafiam a organizar um restaurante onde se servem hambúrgueres, ou a fazer pizzas a grande velocidade para servir todos os clientes, ou a tentar comer a maior quantidade de doces possível sem que os pais descubram. Crianças a brincar, portanto? Não é tão inocente como isso.
Imagens do documentário Consuming Kids
O departamento para a Europa da Organização Mundial de Saúde (OMS) acaba de divulgar um relatório no qual conclui que os esforços de auto-regulação de empresas do sector alimentar para não dirigir publicidade a menores de 12 anos não estão a resultar.
A razão é simples: existe menos publicidade a junk food nos chamados horários infantis, quando as crianças estão a ver desenhos animados à tarde, por exemplo, mas existe imensa à hora a que estão a ver televisão com a família (e no Reino Unido o programa mais visto por crianças entre os quatro e os 15 anos é o Britain’s Got Talent, segundo a Children’s Food Campaign, uma iniciativa que tenta combater este problema).
Ou seja, as crianças continuam a ser bombardeadas de diversas formas com alimentos cheios de gordura, sal e açúcar. E continuam a engordar e a ficar doentes porque comem este tipo de alimentos em excesso. Ficam gordas, não se conseguem mexer, sofrem de diabetes, perda de visão, e outros problemas de saúde. E porquê?, pergunta a nosso amigo extraterrestre, genuinamente estarrecido. Não gostam das vossas crianças? Não, não é isso. É porque as empresas precisam de continuar a vender esses produtos.
Então, continua o visitante de outro planeta, a solução é manter esses alimentos com altos teores de açúcar, gordura e sal à venda, tentar que as crianças continuem a comê-los, mas evitar que elas os vejam na televisão? Bom… sim. Vamos lá ver se conseguimos explicar: os produtos continuam a existir, as empresas continuam a querer vendê-los, mas (um pouco como se se tratasse de material pornográfico) a opção é não os mostrar.
Ou então mostrá-los num sítio que não chame tanto a atenção dos pais e onde não pareça publicidade, como um jogo online (há até um no qual a personagem perde pontos se for apanhada por um ‘pai zangado’ enquanto estiver a reunir 100 doces em forma de garrafa de Coca-Cola).
E não seria melhor simplesmente mudar esses alimentos, reduzindo o açúcar, a gordura e o sal?, pergunta o extraterrestre. Ah, seria, sem dúvida mas para isso era preciso sermos racionais e no planeta Terra nem sempre é fácil.
(Texto publicado na revista 2 do PÚBLICO no dia 23 de Junho)
Landgraf e Avillez, um adeus ao ano de Portugal no Brasil
Tive o enorme prazer de almoçar no Belcanto o menu preparado por José Avillez e pelo chefe brasileiro Alberto Landgraf para encerrar em Portugal o ano de Portugal no Brasil (por muito que me esforce vou sempre tropeçar neste nome complicado do ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal).
A grande maioria das iniciativas decorreu no Brasil, onde vários chefes portugueses estiveram a cozinhar em duetos com chefes brasileiros. Mas houve também alguns ecos disso cá, com Avillez a receber alguns dos nomes que se têm destacado nos últimos tempos na cozinha brasileira, como os irmãos Castanho, Beth Beltrão ou, agora, Alberto Landgraf (o Miguel Pires esteve no Épice, o restaurante de Landgraf em São Paulo, e podem ler aqui a opinião dele).
A ideia da iniciativa era mesmo este contacto entre chefes, que ajuda a criar pontes, cumplicidades, e lhes permite conhecer novos ingredientes, técnicas, etc. Mas é uma experiência que acaba por ser partilhada por muito poucos — aqueles que cabem nas mesas do restaurante numa determinada noite.
Fotos (Jorge Padeiro/Agência Zero.net)
(em cima): José Avillez (à direita), Alberto Landgraf (ao centro), e David Jesus (à esquerda), na cozinha do Belcanto
1) Azeitona3 — José Avillez (azeitona em três versões)
2) Ferrero Rocher de foie gras — José Avillez
3) Pato com laranja — José Avillez
Se o contacto a esse nível é fundamental (basta ver a experiência do Cook it Raw) tive pena que não houvesse oportunidade para mais gente em Portugal ter contacto com a nova cozinha brasileira. Não sei em que modelo isso podia ter acontecido, e não sei quanto poderia custar (nem quem pagaria, o que, como sabemos, ainda mais nos dias que correm, é a questão essencial), mas imagine-se um fim-de-semana de mini-festival brasileiro, com produtos, pratos a preços mais acessíveis, conversas (uma espécie de Peixe em Lisboa, mas na versão Brasil em Lisboa). Acho que haveria muito a descobrir, e que podia ser um sucesso.
Bom, não havendo Brasil em Lisboa, partilho aqui algumas imagens do almoço no Belcanto — com o regresso, sempre surpreendente, a alguns dos pratos clássicos de Avillez (como é que é possível o bacalhau com grão ter tanto sabor?, é uma pergunta que volta a cada vez que o provamos), e a descoberta da cozinha de Alberto Landgraf.
4) Palmito pupunha, mel de Jataí e espargos com rapadura — Alberto Landgraf
5) Cavalinha curada, limão, pickes de cenoura e vinagreta de cenoura — Alberto Landgraf
6) Coração de pato, biju de milho, suco de ervilha — Alberto Landgraf
6) Sapateira com tupinambo — José Avillez
Gostei dos sabores puros, como o do suco de ervilha, a saber a verde, que acompanhava o coração de pato com biju de milho (aliás, gostei muito de todo este prato), da crueza dos espargos com rapadura, do ácido dos pickles de cebola com tucupi e vinagreta de castanha-do-Pará. Não são pratos muito “desenhados”, nem nos levam para sabores fáceis — tal, como, aliás, o sorbet de açaí, beterrabas, farinha de água e queijo de cabra, da sobremesa — mas puxam-nos para a terra sendo, ao mesmo tempo, acolhedores. Transportam uma espécie de natureza luminosa que soube bem numa Lisboa meio chuvosa.
a place that you know
I walked to the dry cleaners yesterday, which was a hot, sunny day in Seattle, a city that people say rarely sees the sun and never gets hot, so I may be breaking some kind of let’s-keep-this-our-little-secret Seattle code by even mentioning these pleasant conditions, but I’m new here, and I haven’t totally learned the code just yet. Anyway, a few stray, puffy clouds floated in the broad, blue sky and as I climbed the steep, narrow stairway that cuts a path out of our little neighborhood and out onto the main drag, I turned around to take it all in.
From those stairs, I can see all the way down the hill into Ballard, and, behind it, slices of the sparkling ship canal and the blue and red hulls of the big boats anchored there. I can see the slope up to Queen Anne on the other side of the water, and way off in the distance, I can see the jagged, still-snow-draped Olympics. The latest-blooming flowers (poppies and peonies and roses, at the moment!) edge the sidewalks, and succulents crawl up mossy rock walls. I can hear the bellow of shipping horns and the whisper of the tall, swaying pines, and power lines criss-cross overhead.
Seattle’s felt a lot like this lately, for me—a mix of still-new wonderment and the mindless, comforting familiar of a place that you know. We had a close friend, the best man at our wedding, visit us last weekend (it if seems like I’m always mentioning guests, it’s because we’re basically operating a B&B, which I love), and it was a treat to have favorite places to bring him and favorite things to do with him. When our first guests were here back in April, our sightseeing mainly involved the grocery store, and, if we were very lucky, the playground down the street.
On Saturday night, after the baby was asleep, Kevin and our friend went out for dinner, and I stayed behind with Avery, and made myself dinner. I had bought some shrimp and didn’t have much of a plan beyond that. I rummaged through the pantry, and settled on risotto.
I make risotto every couple weeks, so I made it as I normally do, but I planned to swirl in some chives and crushed San Marzano tomatoes and to top it with sauteed shrimp. I leaned my hip up against the counter as I mindlessly stirred and stirred the rice, ladling in spoonfuls of broth until the magic trick that is risotto was done. The addition of tomatoes provided a new rosey hue and some tang, and the speckle of snipped chives brought a faint garlic note. The fat, pink shrimp rounded it out into a meal—a risotto unlike any I’ve made before. Here, too, I found well-worn comfort, with enough new thrown in to make me stop and appreciate.
Risotto with Shrimp, Tomatoes & Chives
Serves 2
2 tablespoons olive oil, divided
1 yellow onion, diced
1 cup arborio rice
kosher salt, to taste
1/2 cup white wine
4 cups low-sodium chicken or vegetable broth (or, if you’ve got it, shrimp/seafood stock)
1/2 cup canned crushed tomatoes
1/2 cup shredded parmesan
1/4 cup minced chives
a dozen or so medium-sized shrimp, peeled and deveined
red pepper flakes, to taste
In a medium skillet with deep sides, heat 1 tablespoon of the olive oil over medium heat. Add the onion and cook until translucent (several minutes). Add the rice, season with salt, and cook for a minute or so, stirring to coat the rice with the oil. Add the wine, stirring and cooking until the wine is absorbed. Add 1 cup of the broth/stock, stirring and cooking until the broth/stock is absorbed. Continue to add the broth/stock, a half-cup at a time, stirring and cooking until the broth/stock is absorbed with each addition.
Meanwhile, heat the remaining tablespoon of oil in another skillet over medium-high heat. Add the shrimp, and season with salt and red pepper flakes. Cook until the shrimp has just turned pink, flipping once. Set aside.
Once the risotto has absorbed all the broth/stock, stir in the parmesan, chives, and shrimp and serve.
a shop preview
We’re updating! Watch for new items on Monday July 1, 2013 at 6pm EDT.
Join the list here. Find ongoing and almost always available items here.
xo, N
raspberry and aperol floats
this photo
the slideshow at the bottom of this article
these shoes
and this backyard
The Theme Is … Popsicles!
Summer is most definitely here, at least where I am. We’ve been battling thunderstorms and mosquitoes and a string of days marked by an unwelcome and overstaying holy-moly-I’m-melting-here blanket of heat. And let me tell you, it’s hot. During one particularly oppressively hot day—a day our brand new air conditioning system decided it had had enough and started impersonating a rock—I decided it was time to move to the North Pole and live in an igloo. So we packed up our stuff, booked a flight on Priceline, and off we went. The end.
Okay, so we didn’t really move to the North Pole. For one, I’m allergic to dogs so I’d have to drive those sleds alone. No fun. Second, I’d be up all day every day wondering why I haven’t seen any penguins yet. Or why the sun is taking forever to set. Again, no fun.
So instead of migrating to the Arctic, I’ll do the next best thing. Instead of giant blocks of ice, I’ll go with smaller portions of ice. Flavored. Preferably handheld. I spent a few days staring longingly at the bounty of popsicle recipes here in Tasty Kitchen, wishing I had enough time to make them all. So I can eat them all. Though hopefully not too quickly to avoid freezing my brain.
But even if my brain freezes and stops working, that’s okay because this perfect summer heat relief is thankfully easy to make. All you need is water (or juice!), something to flavor that water, and a freezer. And okay, maybe a stick or two.
You can go a little fancy and make a creamy version. All you need to do is add a little … something creamy. Did I mention these were easy to make?
You can also add yogurt instead, and because it’s healthy and gives a protein boost, you can have an extra serving. Or three!
Okay, who am I kidding? My favorite popsicles are the ones are the ones that tempt me with frozen versions of my favorite desserts.
You can also liven up a party or summer barbecue with a boozy treat for the adults. Do be stingy with the alcohol though—too much will prevent your popsicle from freezing. (Though I’m pretty sure anyone interested in a boozy popsicle will rarely refuse a cup of boozy slush instead.)
If you’d rather go a different route with the popsicles and actually use frozen fruit, here are two versions for you: one for the kids, and one for those who can handle their tequila. One for little Johnny, two for me. One for little Sally, three for me … (Anyone who knows me will be laughing and calling me out, because in truth, the only way I know how to handle tequila is in a shopping bag, walking out of the store after being sent there on an errand.)
I think I have to go clear room in my freezer because I want to make at least 17 of these recipes right now. I can have popsicles for breakfast, yes?
Hope everyone’s staying cool this week! Have any favorite heat busters? I know I’ll need all the help I can get.
After reading an old letter from someone you used to be close with
‘Borá lá outra vez!
rita<3
‘Borá lá outra vez!
"Leaving is not enough. You must stay gone. Train your heart like a dog. Change the locks even on the..."
- Frida Kahlo
O apelo de um concidadão português dos "terroristas" turcos
São seis da manhã cá e acabo de chegar a casa. Foi uma das noites mais inacreditáveis da minha vida e tenho um favor a pedir-vos: por favor divulguem tudo o que puderem sobre a resistência na Turquia. Hoje fui expulso de um parque com uma carga policial. Hoje fui empurrado para um hotel com dezenas de feridos. Hoje fui fechado em salas com gás lacrimogéneo por todo o lado, sem conseguir abrir os olhos de tanto arder, sem conseguir respirar. Hoje levei com um canhão de água com químicos só por estar em frente a um hotel sem estar a ameaçar o quer que seja. Hoje estive nas ruas com o povo de Istambul. Hoje construí barricadas com eles, hoje atirei de volta as cápsulas de gás para cima da polícia, hoje fugi lado a lado pelas ruelas com medo da Polis. Hoje passei por Gezi durante a noite e já bulldozers a destruir tudo: o nosso parque, as nossas tendas, as nossas coisas. Hoje vi pessoas quase a asfixiarem, vi feridas abertas nos corpos. Hoje senti um tiro raspar-me as calças. Hoje fui tirado à bruta de dentro de um táxi pela polícia e revistado de cima a baixo, tudo o que estava dentro da mochila, e ofendido por ter um panfleto de Gezi como separador de um dos livros. Hoje volto a casa com uma raiva deste grupo de pessoas, deste grupo de caras, deste grupo de gravatas, destes Tayyips, e desta gente que veste o uniforme enquanto despe a consciência. Hoje chego a casa estoirado, a sentir que não durmo há dias, mas com a energia para correr todas as ruas desta cidade. Hoje chego a casa com mais força para lutar. Principalmente porque sei que não estou sozinho. Mas também sei que se a mensagem não passar aí para fora estamos perdidos. Estou num país onde um homem tem o direito de mandar espancar brutalmente milhares de cidadãs só porque ocuparam um parque. Sei que não podem vir para cá, mas por favor levem-nos para aí.
girlgoesgrrr: TODAY IN TURKEY National Protest: Istanbul:...
rita<3
TODAY IN TURKEY
National Protest: Istanbul: 01-02JUNE2013
ACAB Worldwide
WAKE UP — SIGNAL BOOST
Ursula Andress and James Dean
Ursula Andress and James Dean
streetetiquette: SoHo // myself + @jfkjean Handsome men I...
A ESFINGE
Agora que o n.º 125 da LER, de Junho, chegou às bancas e livrarias, deixo aqui a crónica A esfinge, publicada no n.º 124 na minha coluna Heterodoxias:
No momento em que a Fundação Gulbenkian patrocina uma exposição sobre a vida e obra de Clarice Lispector, apetece lembrar essa mulher oriunda da distante Tchetchelnik, a aldeia ucraniana onde nasceu em Dezembro de 1920, com o nome de Chaya Pinkhasovna Lispector.
O título da exposição é A Hora da Estrela, título do último romance publicado em vida. Não estou dentro da cabeça dos organizadores, mas parece plausível admitir que a escolha não foi inocente. A história de Macabéa, uma rapariga «incompetente para a vida», é o retrato nítido de alguém que toda a vida dissimulou os recessos mais íntimos da sua personalidade. Por outro lado, considerando “estrela” na sua acepção glamorosa, tendemos a concordar com Gregory Rabassa: Clarice tinha o carisma de Marlene Dietrich — uma star — e escrevia como Virginia Woolf.
Estou curioso em ver a exposição para avaliar até que ponto ilumina a natureza esquiva da autora. Clarice sempre lidou mal com as suas origens, toldadas por miséria extrema e sífilis. A história dos pais, fugidos aos pogroms anti-judaicos que tiveram início em 1918, provocando, só na Ucrânia, mais de trezentos mil assassinatos, é uma lembrança que se obstinou a rasurar. Até à morte da mãe (em 1930), a língua falada em casa dos Lispector era o ídiche. Talvez por isso tenha insistido tanto na identidade brasileira. Afinal de contas, era um bebé de 15 meses quando chegou a Maceió, no Estado de Alagoas.
Antes de completar 15 anos, Clarice, o pai e as irmãs mudaram-se para o Rio de Janeiro. Detalhe importante: convém não esquecer que o Brasil praticou até ao início dos anos 1940 uma política segregacionista relativamente aos judeus. Foi na antiga capital federal que frequentou o curso de Direito, ali conhecendo o homem que seria seu marido, o diplomata Maury Gurgel Valente (antes do divórcio, o casal teve dois filhos). Em 1943 obteve a nacionalidade brasileira e a carteira de jornalista. No mesmo ano, publicou Perto do Coração Selvagem, romance que provocou um abanão cataclísmico e deu novos contornos à ficção escrita em português. A crítica marxista fez os possíveis por subestimar a obra, mas estava criado o mito.
Em 1944, a caminho de Nápoles, onde Maury fora colocado como vice-cônsul, Clarice passou dez dias em Lisboa. Conheceu João Gaspar Simões e fez amizade com Natércia Freire, com quem manteve correspondência até morrer. Por causa da guerra, a viagem fez-se aos ziguezagues: seis escalas entre o Brasil e a Itália. Não gostou: «As coisas são iguais em toda a parte.» O enfado com países terceiros está bem patente na forma como descreveu uma visita ao Egipto: achou tudo ruim. Não obstante, esteve 15 anos fora do Brasil. Depois de Nápoles, o marido foi colocado em Berna, Torquay e Washington (onde nasceu o segundo filho). Só em 1959 regressou ao Rio de Janeiro.
Aos 38 anos tinha publicados três romances e uma colectânea de contos, mas as dificuldades financeiras obrigaram-na a assinar uma coluna feminina do Correio da Manhã carioca, usando os pseudónimos de Teresa Quadros e Helen Palmer. Foi ainda ghost writer da actriz Ilka Soares. Como cronista assinando em nome próprio, apenas entre 1967-73, no Jornal do Brasil, mas o fantasma anti-semita deu em despedimento. Isso não impediu a construção da obra, que atingiu dois cumes em 1964 — o romance A Paixão Segundo G.H. e a colectânea de contos A Legião Estrangeira. A lenda começava a tomar forma.
Em Setembro de 1966 provocou um incêndio por ter adormecido a fumar: «O estuque das paredes e do tecto caiu...». A mão direita não chegou a ser amputada, mas deixou de servir. Os últimos anos foram terríveis: esquizofrenia do filho mais velho, as suas próprias depressões, dificuldades materiais, o cancro que a matou em menos de um ano. Clarice morreu na véspera de completar 57 anos.
Preciso ir conferir A Hora da Estrela.
A tua blackface não me é estranha
Quando comecei a pensar numa versão inicial deste texto, há mais de um ano, era mesmo muito complicado encontrar, na internet, menções a blackface na televisão portuguesa. Agora, desde Fevereiro, a página da Wikipédia sobre blackface já tem uma secção dedicada à lusofonia, com links para vídeos d’A Revolta dos Pastéis de Nata (comédia) e A Tua Cara não me é Estranha (concurso). O 5 Para a Meia-Noite, que é um programa que até costuma ter uma certa diversidade que falta a outros em termos de convidados, tem agora um sketch recorrente que é uma paródia de uma telenovela, feito todo em blackface, e nem é o único exemplo vindo desses lados. No caso do A Tua Cara Não Me É Estranha, nada me tira na cabeça que, quando o Mico da Câmara Pereira, a imitar o Louis Armstrong, sorriu, foi dos momentos mais racialmente insensíveis que passaram na televisão nos últimos anos. Mas, ainda assim, continuamos a falar pouco sobre isto e a deixar passar sem o mínimo de pensamento ou discussão. Porquê?